domingo, 28 de março de 2010

Um amigo..

Se um dia tiveres um amigo, um daqueles que enche o peito com o fogo de um amor, procura conserva-lo, fazê-lo crescer.
Não deixes o teu amigo só, serás sempre para ele um dom.
Se um dia tiveres um amigo, não procures evidenciar-te perante ele, nem tentes que ele perceba que és especial. Agem assim os inseguros e os que procuram apenas serem admirados. Se tiveres um amigo, procura amá-lo, evidenciá-lo e torná-lo o protagonista nas situações da tua vida.
Se um dia tiveres um amigo, não tentes dominá-lo nem fazer com que ele seja o que quiseres. Ele será sempre ele, diferente, único e especial, singular; perante o seu rosto apenas poderás descobrir o mistério da chamada do amor e não um território a conquistar e dominar. O amor só é possível na diferença e a diferença só é possível no amor.
Se um dia tiveres um amigo, diz -lhe tudo o que sentes e o quanto o admiras, se lhe tiveres de dizer algo menos bom, diz-lo, mas diz-lo sempre como um amigo. As coisas difíceis são sempre bem vindas quando ajudam a crescer e quando são ditas para ajudar. Uma critica regada de amor ajuda a construir.
Se um dia tiveres um amigo, não penses que o mérito é todo teu. Foi a chamada do amor que parou a tua porta e encontrou dois corações onde morar.
Se um dia tiveres um amigo, trata-o como se fosse a pérola mais preciosa que tens de guardar. Um amigo cultiva-se, nunca está feito. É preciso cada dia uma entrega para que a confiança e o amor cresçam.
Se um dia tiveres um amigo, quando ele tiver de partir, chora, grita se assim o quiseres. Choram aqueles que percebem e vivem um amor grande demais para caber num mundo tão pequeno.
Se um dia tiveres um amigo…serás feliz. Porque os amigos são aqueles que, nos nossos caminhos, são luz e sal, luz que ilumina e sal que dá sabor de sonho e de esperança em todas as guerras pela paz que construímos na nossa jornada.
Se um dia tiveres um amigo, abre sobre ele o teu coração, as tuas misérias e alegrias. Um amigo é sempre aquele que sabe ouvir com o coração aquilo que sai dos nosso lábios.
Sê força na sua fraqueza, perdão na sua raiva, alegria na sua mágoa, amparo na sua tristeza, coração na sua desilusão, paciência na sua incompreensão. E quando não tiveres palavras, num gesto de carinho terás conjugado o verbo amar.
Se um dia tiveres um amigo, receberás a grande missão de seres tu também um amigo. Estes não se encontram nas lojas mas sim nos caminhos que se percorrem; não são anjos puros mas sim gente como nós, frágeis, débeis, de carne e osso, gente que luta, vive e crê. Por isso não exigas que seja perfeito, ajuda-o apenas a ser melhor, a semear rosas nos espinhos do seu coração.
E quando encontrares um amigo empreende com ele a mais bela jornada rumo aos sonhos que se trocam, à partilha do saber e do viver, na procura do tesouro que espreita lá, onde o arco-irís se põe, e onde o mundo é afinal tão maior, feito de pedacinhos de nuvens pintadas de estrelas que trazem à realidade a doce e meiga cor do céu.

BOA SEMANA! E....


"Sorria, mesmo que tenha que esconder no fundo da alma a dor que o mundo desconhece, pois sorrindo, não dará aos seus inimigos a felicidade de a/o ver triste, mas dará aos seus amigos a felicidade de a/o ver sempre feliz!”

Enya - China Roses

domingo, 7 de março de 2010

Only Time

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QUERO SER TEU AMIGO


Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...


Fernando Pessoa


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Estranho mundo este, em que vivemos. Cheio de contrastes e tão antagónico. Nunca como hoje, tivemos tantas auto-estradas, carros rápidos, máquinas para tudo, lavar, passar, aspirar. Tudo em nome de mais rapidez e poupança de esforços para termos mais tempo para outras coisas. Nunca como hoje tivemos tantos modos de comunicar, do qual a internet e o telemovel são o expoente máximo. E talvez, nunca como hoje, se comunica tão pouco, e se tem menos tempo. Menos tempo para os outros, para a família, para Deus, e até para nós próprios. Não temos tempo para cuidar do nosso asseio, e do nosso interior, como tempo para a leitura, a reflexão , a contemplação. Cada vez mais andamos stressados, angustiados, deprimidos. O processo para atingir a felicidade está a dar provas de impotência.

As pessoas cruzam-se diariamente, participam em eventos sociais, mas permanecem sozinhas, isoladas dentro de si mesmo. Fala-se de tudo, damos conselhos, mas continua a ser difícil falarmos de nós mesmos, da nossa história, do nosso pensamento.

Algo que também ajuda a esta situação, é a dificuldade de encontrarmos alguém que tenha desenvolvido a arte de ouvir. Alguém que não julgue, que saiba colocar-se no lugar do outro, que não se limite a conselhos superficiais, que seja capaz de entender o outro no seu contexto de vida, respeitador dos limites e fragilidades, capaz de perceber os sentimentos mais profundos e captar os pensamentos que as palavras não expressam.

Esta solidão amplifica a solidão interna, que pode conduzir ao abandono da nossa vida. Não dialogamos connosco, não discutimos os nossos problemas. E uma pessoa que não dialoga consigo, que não se escuta, que foge de si mesma, pode ficar rígida e implacáve, desenvolvendo sentimentos de culpa e destrutivos da sua auto-estima. Pode conduzir outros à alienação, à ausência de formulação de objectivos de vida, de tomada de consciência de si e dos outros. Estas pessoas revestem-se de uma carapaça de insensibilidade, dureza, orgulho. Mas no fundo sabem que não são assim, apenas se recusam a confrontarem-se. Daí que, tanto uns como outros, tenham dificuldade de se olharem ao espelho.

Jesus apresenta uma proposta de felicidade que passa pela consciência de nós mesmos, de aceitação dos limites, e de reconhecimentos das qualidades. De amor próprio, e de amor ao próximo. Uma proposta que ajuda a desenvolver a arte de ouvir, por nós e pelos outros. Uma proposta de paz interior. Sem ela, ninguém é feliz. Uma proposta de verdade com o nosso interior, a nossa mente. Uma proposta de abertura à novidade, para sabermos contemplar e apreciar o belo e o prazer, e de aprendizagem com os invernos da existência. A felicidade não é uma estrada apenas com rectas. Jesus ensina-nos a sermos felizes nas rectas e nas curvas da vida.

Nas sociedades modernos, fazer amigos está a converter-se num artigo de luxo. Porque as pessoas não têm tempo para fazer amigos. Porque é preciso tempo para criar laços, para cativar e deixar-se cativar. O amigo cultiva-se e conquista-se. E se queremos ser felizes, temos de ter tempo… para o essencial. A felicidade não é uma meta, e um estado definitivo. É um caminho…