Já não tenho avós vivos há muito, infelizmente, mas conheço muitos avós que passam muitas necessidades pois a vida de campo assim as marcou, no corpo, na alma, nas histórias, nas reformas… precisam de ajudas externas para puderem fazer a sua vida. Eu sou uma cidadã do mundo, pago todos os meus impostos que servem para Rendimentos de Inserção Social de pessoas que podiam muito bem estar a trabalhar, no entanto servem para baixas fraudulentas, servem para salvar bancos/banqueiros, servem para tudo, menos para ajudar os que mais precisam. Podem me dizer que estou a ser injusta, se calhar..., porque me revolta ouvir certos elementos partidários deste país dizer que aumentar 24 euros no salário mínimo é criminoso, que as obras públicas só serve para diminuir a taxa de desemprego da Ucrânia e de Cabo-Verde, de atacarem o suplemento solidário para idosos porque (e passo a citar) “… em momentos eleitorais não se pode dizer nada, coitadinhos dos velhotes… eles precisam é de serviços do Estado… não precisam de 80 euros para ir beber cervejas, para ir comer doces, porque são diabéticos e ficam doentes, para serem roubados pelos filhos…”, Esta pérola foi dita pela senhora, ex-CDS, Maria José Nogueira Pinto.
Ouvir esta senhora ou ouvir aquela musiquinha de Natal, nos elevadores dos centros comerciais, produz em mim o mesmo efeito…. Não tenho adjectivos suficientes fortes para ofender esta senhora, “os velhotes”, a quem esta senhora se refere, trabalharam uma vida inteira, muitas vezes em situações miseráveis, muitos deles são adultos e lúcidos o suficiente para saberem onde aplicar a fortuna que são 80 euros mensais… mas presumo que a senhora Nogueira Pinto preferia, se calhar, dar mais euros a uma certa classe de “velhotes”, pertencentes a outra estripe. Porque os que recebem um complemento de 80 euros, coitadinhos, são como os “meninos das barracas”, fica bem aparecer na TV, no mês do Natal, a dar roupas, uma sopa e uns rebuçados. Depois, quando desmancham as luzes de Natal toda a gente os esquece, algures, num banco de jardim, escondidos da sociedade perfeita que queremos só para nós.
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