
Nasci e vivi durante alguns anos em Coruche, onde os meus pais têm uma quinta, e onde eu vou passar uns fins de semana e alguns dias de férias naquele clima maravilhoso.
A povoação de Coruche, de que não se conhece a origem com segurança, existe desde época muito remota, havendo achados vários que atestam a presença humana desde o Paleolítico. Segundo o "Estudo Histórico de Coruche", a origem de Coruche remonta à época de pacificação das zonas conquistadas pelos romanos, direccionadas para as regiões mais ricas do ponto de vista agrícola.
Situada na encosta sobranceira à margem direita do Rio Sorraia, conheceu outrora a existência de uma fortificação no cimo do monte, que os árabes arrasaram em 1180, não mais se reconstruindo. Coruche foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1166 e doada pelo rei à ordem de Aviz 10 anos depois. O mesmo monarca concede-lhe foral em 26 de Maio de 1182.
Não se conhecem referências ao nome de Coruche antes da primeira metade do século XII. Nos mais antigos documentos as formas do nome são sempre Culuchi e Coluchi e até ao século XV vamos encontrar Coluchio e Cruche alternando já com estas a grafia Coruche. A etimologia do topónimo foi estudada por Joaquim Silveira, que a filiou no "elevado monte, em cujo cimo se erguia o castelo medieval de Coruche e a que este castelo e a respectiva torre de atalaia, que havia de ter, dariam ainda uma maior eminência, levam-me, para explicar o seu nome, a aproximar o topónimo Coruche do nosso vocábulo comum corucho, que tem o sentido genérico de extremidade alta e acuminada de alguma coisa, picoto, coruto". A fundação da vila tem sido atribuída, por vários autores, aos galo-celtas no ano 308 antes de Cristo, o que é vivamente refutado por Margarida Ribeiro no seu "Estudo Histórico de Coruche", situando-a, com os mais sólidos argumentos, no período romano de pacificação das zonas conquistadas, "sendo portanto Coruche uma povoação cuja origem se verificou no período de intensa laboração agrária, ou que teria evoluído dos latifúndios das zonas submetidas". Séculos mais tarde, a vila foi conquistada pelos mouros, sendo a sua população "toda passada a fio de espada", como afirmam textos árabes coevos, o que não corresponderá minimamente à realidade, sabendo-se do exagero das expressões utilizadas pelos escritores muçulmanos no que se refere a crónicas de armas. Pelo contrário, crê-se que a população assimilou normalmente as novas ideias incutidas pelo invasor, existindo mesmo uma larga franja populacional completamente indiferente à guerra, como mostra o primeiro foral e a transmissão de propriedades situadas no limite do termo, a partir de 1201.
Coruche foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1166, doando-a à Ordem de Avis em 1176. A 26 de Maio de 1182 o rei concedeu a Coruche o seu primeiro foral, o qual seria confirmado posteriormente por D. Sancho I e D. Afonso II. O foral novo seria outorgado por D. Manuel I, a 28 de Março de 1513. A vila de Coruche tinha representação nas cortes, com assento no 14.º banco, o que atesta a sua importância, começada a construir a partir do momento em que passou para os domínios da Ordem de S. Bento de Évora, sendo de admitir que tal protecção fizesse progredir a localidade, contribuindo simultaneamente para o progresso agrícola. A intensificação do povoamento como medida de garantia das terras reconquistadas, e cujas disposições se mantiveram até ao reinado de D. João I, foi para Coruche uma determinante do próprio foral, que atraiu gentes do norte do País e permitiu a fixação do elemento judaico, que gozou de grande protecção, e do elemento árabe e moçárabe.
Nos alvores do século XVI a vila tinha já alcançado um progresso socioeconómico de grande relevo e, não fora a sua política interna, poderia, pelos privilégios concedidos e confirmados e pela sua riqueza, ter ascendido facilmente à categoria de cidade. É também neste século que se dá a criação da Misericórdia e a construção da sua sumptuosa igreja que viria a substituir a primitiva matriz, erguida em 1221 e arruinada pelo terramoto de 1531. A Igreja da Misericórdia foi totalmente reformada no século XVII, reconstruída depois de 1755 e restaurada em 1851. O templo é de uma nave, tem duas capelas laterais e o tecto é de abóbada. No seu interior guarda pinturas de grande valor. O prospecto exterior apresenta uma fachada de três corpos, coroada por um frontão, e ladeada de duas torres sineiras, baixas.
Ao centro do frontão, o brasão da Misericórdia, do século XVIII. Orago: S. João Baptista Actividades económicas: Agricultura (arroz, tomate, milho, beterraba, girassol, vinha), exploração florestal (sobreiros, pinheiros e eucaliptos), pecuária (gado bovino, suíno e cavalar) e indústria transformadora (arroz, pinhão, beterraba sacarina) Festas e romarias: Nossa Senhora do Castelo (6 a 18 de Agosto), Feira de São Miguel (último fim de semana de Setembro) Património cultural e edificado: Ponte da Coroa, Aqueduto do Monte da Barca e igrejas de Nossa Senhora do Castelo, de São Pedro, da Misericórdia e de Santo António Outros locais de interesse turístico: Açudes da Agolada e Monte da Barca, rio Sorraia, miradouro de Nossa Senhora do Castelo
Gastronomia: Bacalhau assado com migas, sopa de feijão com couve e petingas fritas, cabrito à moda de Coruche, bolo branco, campinos do Sorraia e bolo de noz Artesanato: Trabalhos em vime, cortiça, olaria, trapologia, diversos
ECONOMIA: Em termos de actividade económica, ainda é o sector primário o que emprega maior número de activos no município, sendo as principais actividades desenvolvidas a agricultura, criação de gado, a exploração da madeira e extracção de carvão, fazendo do concelho o principal produtor de cortiça do país. Todavia, Coruche também vai acompanhando os fenómenos da secundarização e terciarização da estrutura económica da região, dinamizando um sector industrial que, não deixando de possuir uma apreciável especialização nas indústrias do ramo agro-alimentar, aposta, mesmo assim, numa relativa diversificação do emprego industrial.
Também o sector do comércio e dos serviços vai absorvendo a libertação dos activos do sector agrícola, dinamizando um pequeno mas diversificado tecido empresarial que actualmente representa o segundo sector empregador do concelho.
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