sexta-feira, 27 de março de 2009

Debaixo da asa não é o melhor lugar


Filhos muito mimados podem ter problemas de relacionamento e aceitação no futuro. Você mima muito o seu filho? Faz e dá tudo o que ele pede? E, ainda assim, ele é agressivo? Sabia que a atitude de alguns pais pode transformar os filhos em verdadeiros tiranos? É possível amar tanto os filhos sem perceber que os constantes pedidos e exigências deles não são razoáveis e consomem mais tempo e energia do que deveriam? Os pais também precisam se perguntar se, ao amar e ceder tanto, não estão a fechar os olhos para problemas de comportamento que, no futuro, podem impedir os seus filhos de serem aceites socialmente, prejudicá-los no seu rendimento escolar e até dificultar um relacionamento a dois.
Segundo a psicóloga Maggie Mamen, autora do livro The Pampered Children (Crianças Mimadas, em tradução livre), basta olhar ao redor, em qualquer espaço público, para perceber que tudo isso é possível e que, provavelmente, já se trata de uma realidade endémica.
De acordo com a especialista britânica radicada no Canadá, este fenómeno deve-se, em parte, às "actuais correntes de pensamento centradas na criança, que contribuem para a construção de um pedestal instável do qual os nossos filhos correm o risco de cair". Maggie diz que vivemos numa sociedade centrada nas crianças, em que as suas exigências e necessidades são cada vez mais prioritárias que a harmonia matrimonial ou familiar.
- Graças à contribuição de muitos profissionais, entre os quais se encontram psicólogos, assistentes sociais, psiquiatras, pediatras e assessores, e ao apoio entusiasta dos meios de comunicação, de fabricantes de produtos e dos publicitários, as crianças têm tanto poder que os pais se sentem impotentes e ineficazes - destaca a psicóloga.
Por conta disso, muitos pais pensam que dizer não significa ser mau, limitador ou excessivamente autoritário, porque foram levados a crer que impor a uma criança algo que ela não quer fazer ou que a fará sentir-se triste ou desconfortável praticamente equivale a maltratá-la.
Para a especialista, os pais de hoje sentem-se culpados por passar pouco tempo com os filhos. Por isso, as crianças tomaram o controle da família, a ponto de decidirem o que se come e qual o lazer de todos. Ainda segundo Maggie Mamen, os adultos muitas vezes poupam os filhos da responsabilidade e das consequências das escolhas que estes fazem.
Consequentemente, na visão da psicóloga, crianças mimadas não costumam ser expostas a determinadas situações dentro de seu núcleo familiar e têm problemas quando lidam com elas fora da protecção da família. Fica o conselho: pais, assistentes, professores e outros responsáveis devem levar esse factor em consideração quando traçarem a sua estratégia educativa.

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